O Rugido da Quimera


A fúria da quimera desencorajavam até os mais bravos guerreiros.

Os olhos negros refletia o pavor, cabeça monstruosa sem pele no rosto apenas a pálida carranca de ossos e presas de marfim, uma juba escura longa e esvoaçante que mais parecia ter vida própria com seus movimentos ondulados desordenados. Patas grandes de animais diferentes com garras que sulcavam o chão.

O horror que a criatura trazia para aquelas era tamanho que a Morte sentiu vontade de olhar o local. Debruçou-se por umas das janelas que conectavam as dimensões e prestou atenção, atrás da mascara de porcelana negra um riso gutural de prazer veio seguido de um suspiro. O que fez a Morte agir assim? Será que o derramamento de sangue aconteceria de um modo tão brutal que até mesmo aquela entidade ficaria surpresa, que mesmo com todo seu poder de ver o tempo, essa existência não previu tal matança? O Desfecho não demorou a acontecer.

O Rei que estava atrás de uma barricada de soldados ordenou o abate da criatura, ele ria como uma criança, abraçado com uma prostituta seminua enquanto no plano etéreo uma mulher linda também abraçava o rei, o espírito do vinho passava embriagues pelos beijos molhados de álcool. Sua mão direita não parava de se mover e ele gritava a plenos pulmões:

- MATEM! MATEM ESSE MONSTRO, EU PRECISO DESSA CABEÇA NA MINHA PAREDE DE TROFÉUS!

Os homens se organizaram e uma cena patética se seguiu, guerreiros experientes e lendas locais ficaram parados, encorajavam uns aos outros a serem os primeiros, mas nenhum candidato quis tal "honra". O monstro ao ver a movimentação também fez um movimento, impulsionou as patas dianteiras e ficou de pé, enorme, esplendoroso e amaldiçoado. Puxou ar como se fosse sua ultima respiração e rugiu um rugido alto e longo, mas não era fúria... Não era.

O som foi de botas de couro e placas recuando, ninguém podia com tal ameaça e ali perto estava a entidade da guerra, gigante como uma encosta rochosa que recebe as ondas violentas dos mares do norte, com uma armadura dourada, vermelha com manchas negras, mas com a espada ainda na bainha e braços cruzados o que significava que não haveria batalha por agora.

No meio da multidão acovardada passos de sapatos delicados provocavam um som seco no chão de areia batida, ninguém viu, não a tempo. Uma jovem de cabelos loiros tão claros que pareciam brancos usava um vestido também branco, peça que foi costurado por sua aia, a serviçal fazia questão em dizer que a ajuda da jovem foi crucial para a feitura da peça, a jovem ficava ruborizada com os elogios da senhora, a vermelhidão das maçãs do rosto destoava com a brancura de sua pele.

E continuou andando, um grito desesperado veio de trás:

- PRINCESA, NÃO!

 Mas já era tarde a princesa já estava abraçada na perna da Quimera.

- Por favor, Senhor leão-urso-águia-caveira, não precisa mais rugir, eu te entendo, você não quer matar ninguém, você só esta triste e sabe como eu descobri? - Ela olhou para cima e seus grandes olhos verdes se encontrarão com a escuridão dos olhos do monstro - Seu rugido não é um rugido, é um choro, não fica com vergonha Senhor "vários animais mortos" minha segunda mãe disse que é bom chorar, pois a tristeza vai embora toda de uma vez e não se preocupe eu não vou te fazer mal.

Ao terminar de falar abriu um sorriso largo e aconchegante, a criatura viu aquilo e sua expressão corporal mudou completamente, a incredulidade brotou dentro dele e nessa hora ele pode voltar ao normal. Ele rugiu e o som monstruoso tornou-se um choro copioso, um lamento amargurado. A bestialidade deixou o seu corpo retrocedendo para lugar nenhum e restou apenas um homem vestido com trapos e abraçado na jovem princesa.

- Pronto Senhor "não sou mais monstro" agora ninguém mais tem medo de você e não te farão mal algum, eu já sou sua amiga e ninguém toca nos amigos da princesa.
Em meio ao choro e os soluços o pobre homem olhou para o rosto dela, acariciou gentilmente das bocheches vermelhas.

- Obrigado minha salvadora.


Wylielise - Tam Lin

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